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existem muitas músicas e muitas poesias que falam sobre o peso do mundo e como ele recai sobre os nossos ombros e curva nossa coluna esmaga nossos pulmões aperta nossos medos contra os nossos ossos eu vou ser mais uma agora falando sobre o peso do mundo abri a porta e sai pra noite enquanto os pecados de são paulo inteira caíam no meu telhado em forma d'água em algum outro lugar dessa cidade eu sou uma pintura de óleo sobre tela de algum ator desconhecido sozinha no meio da chuva com os pés descalços um cigarro queimando entre os dedos suéter cor de rosa puído olhos de nanquim refletindo a luz de um único poste falho da rua em algum lugar de alguma noite passada eu estou me olhando no espelho limpando o batom marsala borrado dos lábios memórias de mãos pelos meus cabelos memórias de vozes sussurradas em meus ouvidos eu tenho uma lista sobre as coisas que eu gostaria de questionar a quem quer que controle esse jogo mas existe algumas enroscadas no meu travesseiro há meses
olha, eu sei sei que não venho sendo eu mesma ultimamente ou talvez eu venha sendo porque afinal de contas eu me perdi nessa noção de quem eu sou de quem eu era e tantas esperanças sobre quem quero ser mas eu... sinto como se estivesse sendo outro alguém ultimamente recolhendo conchas esquecidas pela beira da areia porque você sabe que eu tenho eu sempre tive essa atração terrível por coisas quebradas e, provavelmente eu verdadeiramente não tenho sentido muito ultimamente eu disse em orações pra alguém em quem não acredito na piedade que me julgasse pelos meus pecados e me ensinasse algo então, no final de tudo eu já escrevi mais do que poderia me lembrar sobre perder o rumo sobre precisar de um sinal mas a realidade é que eu precisava de espaço precisava de cuidado precisava de tempo precisava de um perdão que nunca veio e olha, sinceramente tentar proteger você nunca ajudou porque eu nunca pude escolher entre te amar e amar a mim mesma já que as duas coisas nunc
não me deixe não me deixe não me deixe eu a ouço cantando e as palavras são espadas que ultrapassam meus escudos me furam e eu permaneço morta e fria em batalha esperando que as Valquírias venham me buscar pra descansar em Valhala é preciso esquecer tudo que pode ser esquecido ela me diz num francês tão triste soa como um entardecer a sós soa como o som da chuva que me lembra a última vez que a tua alma ainda não me era estranha minhas mãos teus ossos tua pupila ingrata me rouba de alguma forma você me queima nesse fogo vão você me quebra só pra depois me juntar como quer você me abandona só pelo prazer insano de assistir o estrago que causa como posso te dar mais quando te espero um pouco menos que antes? que já te dei que não sabia que tinha? se tudo que era eu agora é nós e somos nada nada nada quero fazer morada no teu peito ser o que você é viver onde você está dormir onde você se deita fumar do teu cigarro ser teu copo de cerveja largado quero ser necessária por favor eu que

23h09

Meu lírio, Eu gostaria que você segurasse minha mão. Só segurasse minha mão. Pra que eu sentisse que ainda existe algo fixo nesse universo. Pra me sentir real, e menos como um pesadelo. Que seu calor fluísse pelos meus dedos. Eu gostaria, do fundo do coração, de apenas segurar sua mão. As vezes quando o dia fica muito difícil eu imagino que você está logo atrás de mim, me sussurrando ao pé do ouvido pra ir em frente. "Continua em frente, anjo, continua. Vai ficar tudo bem." É esse pensamento que as vezes me segura quando eu estou na borda. O fantasma da sua presença, que me dá força quando eu penso que já não tenho nenhuma. Eu só quero... paz. Conseguir me olhar no espelho sem detestar o que vejo. Estar na minha própria pele e não sentir como se isso fosse uma tortura. Existir tem sido uma tortura, estrela. Eu estrago tudo que toco. Todas as coisas bonitas. Eu sou como uma praga numa plantação de rosas. Eu amo a beleza delas mas eu murcho todas. Eu queria não estragar as

06h02

Estrela, Me peguei pensando no sentido da vida hoje. Sobre o que nós, seres humanos, buscamos pra nós mesmos. Sobre como buscamos ser felizes. Nós sofremos muito em busca da felicidade, já percebeu? Nós sofremos por relacionamentos, empregos, estudos, dinheiro. Tudo porque achamos que no final desse jornada, seremos felizes. E se a felicidade não existir? Se for algo inventado muitos anos atrás pelos nossos ancestrais e esse sentimento não realmente existir? E se tudo pelo que nós lutamos e nos tira a paz não trazer paz nenhuma, afinal? Pode, a felicidade, ser um estado? Como a encontramos? Como permanecemos nela? Como nos seguramos com mãos frágeis demais dentro das suas paredes de pedra quando o mundo sacode lá fora? Essas perguntas são retóricas. Eu não tenho resposta pra elas. Creio que tampouco você tem. Eu só queria dizer todas elas. Além da minha cabeça. Pra alguém que as ouviria e entenderia essa perturbação entre meus fios delicados. Pra alguém que se importasse. Pra vo
o amor não é uma arma você não pode encostar teu amor afiado na pele delicada da minha garganta e me dizer pra te obedecer ou teu amor me cortará a forma como você usa palavras duras contra meus ouvidos e me diz que é pro meu melhor e que tudo isso é por bem querer e como você tira minha força e me torna frágil pequena diminutiva em meus sonhos e tira de mim minha fé em mim mesma teu amor queima como ácido e tem algo errado nisso teu grito penetra na minha mente tão calma e gera uma perturbação imensa é como um tsunami numa cidade cheia de jardins a marca dos teus dedos pelos meus braços e a marca da tua falta de tato nas minhas memórias são como sal nestes ralados o jeito como você ama dói e eu me pergunto se mereço (eu mereço?) e eu perco o sono a fome a esperança esses passos são meus dos meus pés e você não pode trilhar nenhum deles por mim esse riso é meu e essa voz é minha e esses detalhes são eu e com todos esses erros ainda sou eu você não vê tua vontade não pode me m
Solitude. Almoço de domingo. Minha família está reunida em volta da mesa, comendo macarrão com queijo. Minha mãe toma um gole de suco de laranja. Ela me pergunta como foi minha semana. Digo que foi corrido, como sempre. Meu pai enrola macarrão no garfo; ele me pergunta se as coisas vão bem na faculdade. Eu aceno que sim. Meu sobrinho pequeno passa macarrão no meu cabelo. Eu sorrio torto pra direita, passando os dedos no seu nariz pequenininho. Solitude. Cerveja com meus amigos. Observo as bolhas explodindo lentamente no meu copo. Observo seus rostos com carinho, grata pelo tom das suas vozes e como acalenta meu coração ouvi-los falar sobre bobagens do seu dia a dia. Meus dedos estão frios. Eu tomo uma xícara e meia de café pela manhã. Seguro minhas pedras dentro da mão direta e sinto sua temperatura fresca. Medito. Eu olho meu corpo no espelho e encontro mais um defeito pra coleção. Olho pro chão por 10 minutos. Desisto de tentar domar meu cabelo. Eu cozinho. Me deito no chão com o