não me deixe não me deixe não me deixe
eu a ouço cantando e as palavras são espadas que ultrapassam meus escudos me furam e eu permaneço morta e fria em batalha esperando que as Valquírias venham me buscar pra descansar em Valhala
é preciso esquecer tudo que pode ser esquecido ela me diz num francês tão triste soa como um entardecer a sós soa como o som da chuva que me lembra a última vez que a tua alma ainda não me era estranha
minhas mãos teus ossos tua pupila ingrata me rouba de alguma forma você me queima nesse fogo vão você me quebra só pra depois me juntar como quer você me abandona só pelo prazer insano de assistir o estrago que causa
como posso te dar mais quando te espero um pouco menos que antes? que já te dei que não sabia que tinha? se tudo que era eu agora é nós e somos nada nada nada
quero fazer morada no teu peito ser o que você é viver onde você está dormir onde você se deita fumar do teu cigarro ser teu copo de cerveja largado quero ser necessária por favor eu quero fazer falta eu quero eu quero tanto mas
respira respira por favor me suga pros teus pulmões como esse ar frio de setembro que é pra eu poder te tatuar por dentro e gritar que a tua solidão me rasga o teu silêncio me agride e os teus sorrisos que não são meus me sufocam o timbre da tua voz de manhã me pertence e eu não posso esquecer eu odeio adormecer sentindo falta da forma como o teu gosto agride minha língua como sal e sangue
essas horas que matam a golpes de "por quê"; por que foi por que não pôde ficar por que não vem eu estou bem aqui por que não pode me ouvir por que a forma da minha mão encaixada na curva do teu pescoço não te lembra do porque eu ainda não desisti
eu te ouvi cantando uma canção de ninar e eu pensei que não fosse aguentar porque aquela canção era minha eu quero te contar a história de um rei morto por não poder te encontrar vou te contar sobre os poetas que nunca jamais nunca escreveram sobre amor porque nunca tocaram a tua pele ou ouviram o som do teu riso
não me deixe não me deixe não me deixe
o que fizemos conosco? estamos ajoelhados nestes cacos das ruínas de nós mesmos e eu te disse quando você me deixou que não havia nada pra perdoar mas sempre pensei que você voltaria e me diria que nunca pôde encontrar alguém que te que eternizasse em textos tristes como eu e agora o café não tem mais amargor as flores não exalam mais o cheiro da primavera as borboletas no meu estômago morreram e todas as músicas que tocam na rádio são sobre nós e eu me desfaço porque eu preciso do teu colo
você me enterrou no fundo do teu desprezo e eu permaneço engolindo essa terra amarga de ser tão pouco e eu ainda rego a mim mesma esperando florescer na tua vida mais uma vez
o choro dos arcanjos por piedade desse amor que eu amei só chove por dezembro inteiro enquanto eu te observo dormindo teu rosto pacífico se esquecendo de mim aos poucos e os blues continuam tocando mas eu não toco os teus cabelos eu continuo me esquecendo do teu cheiro e você nunca mais chamou meu nome e esse vazio dói dói dói
eu continuo dançando sozinha e continuo te amando o suficiente pra te deixar ir ainda te escrevo palavras que nunca serão lidas por esses lindos olhos castanho claros que eu ainda procuro nessa multidão e continuo contando meus passos e eu ainda não pude desfazer esses laços
você podia me ter inteira, eu quis ser teu universo particular onde só existiria nossos dedos entrelaçados 
então por que
você m
e quis
a o s p ed
a ç
o s?

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