23h09
Meu lírio,
Eu gostaria que você segurasse minha mão. Só segurasse minha mão. Pra que eu sentisse que ainda existe algo fixo nesse universo. Pra me sentir real, e menos como um pesadelo. Que seu calor fluísse pelos meus dedos. Eu gostaria, do fundo do coração, de apenas segurar sua mão.
As vezes quando o dia fica muito difícil eu imagino que você está logo atrás de mim, me sussurrando ao pé do ouvido pra ir em frente. "Continua em frente, anjo, continua. Vai ficar tudo bem."
É esse pensamento que as vezes me segura quando eu estou na borda. O fantasma da sua presença, que me dá força quando eu penso que já não tenho nenhuma.
Eu só quero... paz. Conseguir me olhar no espelho sem detestar o que vejo. Estar na minha própria pele e não sentir como se isso fosse uma tortura. Existir tem sido uma tortura, estrela. Eu estrago tudo que toco. Todas as coisas bonitas. Eu sou como uma praga numa plantação de rosas. Eu amo a beleza delas mas eu murcho todas.
Eu queria não estragar as coisas. Queria ser a pessoa boa e linda que meu pai me dizia que eu era.
Quando penso nele meu peito aperta. Porque se ele estiver me olhando de algum lugar, ele não se orgulharia de mim. Eu não sou mais o anjo doce que ele amava. E eu juro que tento voltar por esse caminho mas a vida me quebrou tanto, em tantos pequenos pedaços, que não consigo mais voltar a ser inteira.
Eu sigo errada assim, como sou, e me sinto tão cansada. Tão cansada. Cada vez mais penso em dar a mim mesma algum descanso. Só preciso de coragem.
Espero que seus dias sejam tão iluminados quanto o sol nascendo por trás das montanhas em algum lugar distante do mundo. Cheio de paz. Tanta paz quanto eu gostaria de ter. Tanta paz quanto eu desejo que você tenha.
Com todo o amor do mundo nestes pedaços muito quebrados,
Ana
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